Demónios

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Sou perseguido – por demónios. Os meus, os de sempre. Não me importa. São meus velhos conhecidos. Trato-os a todos por tu. A insegurança, a tristeza, a solidão, a timidez. Todos? Não. Estes são só alguns. Muito poucos.

Vieste tu. De todas as pessoas, em todo o mundo, tu. A minha pessoa. Aquela pessoa. Só tu. A pessoa que me muda, me torna outro, me torna melhor.

E os demónios? Os meus amigos demónios! Escondem-se. Da tua luz, de ti, da tua força. Daquilo que, mesmo sem querer, me dás. Daquilo que, mesmo que penses que é insignificante ou banal ou pequeno, me dá vontade.

Tu mudas-me. Dizem-me, tu incluída, que sou, por natureza, “bom”, “boa pessoa”, “porreiro”. Não. Nem sempre. Sou escuro, tenho muito negrume por dentro. Faz tanto parte de mim, é-me tão natural como respirar. Tenho tido mais ainda – nos últimos tempos. Antes de ti.

Mas tu apareceste, iluminaste o canto mais recôndito, mais escuro, mais obscuro da minha essência – não falo nem da alma, nem dos ser. Da essência. És essência. Para mim és essência. Essencial.

Não consigo definir isto de outra maneira, és a luz para o meu lado escuro.

Não sou assustador. Sou o mesmo que sempre fui. Talvez um pouco mais triste, mais desconfiado, (ainda) mais reservado. Mas és tu que abres as persianas, as portas, as janelas deixas entrar a luz. Ajudas-me a banir os meus demónios.

Percebes o que te quero dizer? Viver sem ti é possível. Sim, é possível. Mas é de uma escuridão que me é difícil combater, mudar, iluminar.

Sinto-me estranho. Sinto-me incompleto, onde quer que vá. Quero estar noutro sítio qualquer. Fazer outra coisa qualquer. Viver outra coisa qualquer. Sinto um peso no peito. Sinto a tua falta.

Eu sei que não tens medo de mim. Não tens razão para ter. Acredito, confio em ti.

Mas os meus demónios estão de volta. E tenho razão para ter medo deles. Não acredito, não confio em mim.

Ajuda-me. Abraça-me. Salva-me. Diz-me.

Se te puder ter amanhã, vou ter contigo aos quintos dos infernos. Salvo-te. Sabes que sim.

Sou intenso, sim. Não sei, nunca soube, sentir de outra maneira. Não acredito em “meio sentimento”. Não pensei voltar a sentir isto. A verdade é que sinto. E acredito no que sinto. E acredito no que sentes. E se, às vezes, os demónios voltam, é só porque sinto a tua falta. Porque ainda não passámos dos sonhos, porque ainda não saíste do meu pensamento para o meu abraço. Mas não há demónios que me vão impedir de te ter.

Só a vida. E, pensando bem, se há dias em que me parece um obstáculo inultrapassável, outros há em que o poder do sonho e do sentimento o transforma numa cortina de fumo. O meu maior inimigo sou eu. E o sonho, o sentimento, tu, derrotam-me até a mim – aos meus demónios.

Obrigado. Ainda estou aqui. Mesmo que às vezes me esqueça de mim, de ti nunca me esqueço.

When you feel my heat
Look into my eyes
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide
Don’t get too close
It’s dark inside
It’s where my demons hide
It’s where my demons hide

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